ELDSAMIRA MASCARENHAS
ELDSAMIRA MASCARENHAS
02/04/2018
11:46
Imunoterapia e Câncer
A incidência do câncer vem aumentando ao longo dos anos. Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que, a cada ano, 8,8 milhões de pessoas morrem com câncer. A cada seis mortes que ocorrem no mundo, uma delas é causada pela doença e mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem câncer anualmente, com expectativa de crescimento. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 600 mil novos casos para este ano.

 A incidência do câncer vem aumentando ao longo dos anos. Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que, a cada ano, 8,8 milhões de pessoas morrem com câncer. A cada seis mortes que ocorrem no mundo, uma delas é causada pela doença e mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem câncer anualmente, com expectativa de crescimento. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 600 mil novos casos para este ano.

Um dos principais problemas que encontramos é que, em grande parte das vezes, a neoplasia é diagnosticada em estádios avançados. Ao longo dos anos, houve muito progresso em oncologia, tanto na evolução de métodos diagnósticos que permitem o reconhecimento de doenças em fases mais precoces, quanto no que tange ao tratamento, sendo a imunoterapia um grande destaque.

A busca por estratégias terapêuticas para atuar contra o câncer é uma constante, e o foco sempre foi o desenvolvimento de drogas com ação direta nas células neoplásicas.  Durante muito tempo, estudou-se como ativar o sistema imunológico para que ele pudesse reconhecer o tumor e atuar contra ele. De forma simplificada, a imunoterapia é um tratamento que utiliza um grupo de drogas que atua no aumento da resposta imunológica e, desta forma, ativa o sistema imune de forma a destruir células neoplásicas. 

A chegada da imunoterapia nos últimos anos trouxe consigo uma mudança de paradigma no tratamento dos pacientes oncológicos. Primeiro, por identificar uma subpopulação de pacientes que mantém uma resposta sustentada e, segundo, pela modificação no perfil de toxicidade, que difere da quimioterapia.

Existem diversas drogas imunoterápicas, que agem de maneiras diferentes. A principal delas envolve os chamados ‘inibidores de verificação imunológicos’, que nada mais são que moléculas que atuam de forma a frear o sistema imunológico, evitando dessa forma que haja uma autodestruição. Os inibidores de verificação irão, em ultima análise, levar à diminuição da inibição do sistema imunológico e, assim, o ativar para defender o organismo contra o tumor, levando à destruição de células tumorais.

Inicialmente, a imunoterapia apresentou bons resultados para tumores do tipo melanoma e câncer de pulmão, porém foi evidenciado que há eficácia em outros tumores, já tendo sua área de atuação ampliada para outras indicações, como câncer de rim, tumores gastrointestinais, câncer de ovário, mesotelioma e neoplasias hematológicas.

Existem muitas outras situações em que a imunoterapia vem sendo pesquisada e esperamos os resultados desses estudos para outras doenças. Em grande número, eles envolvem doenças avançadas. Recentemente, no entanto, as análises vem sendo feitas em estádios mais precoces.

Tivemos grandes vitórias no tratamento do câncer e a imunoterapia, sem sombra de dúvidas, foi uma delas. Ainda assim, há grandes desafios a serem vencidos. Um deles é identificar quais são as pessoas que realmente se beneficiam com a realização da imunoterapia. O ideal seria que tivéssemos um biomarcador que pudéssemos selecionar os pacientes com maior benefício. Nesse, sentido, existe um bom número de estudos tentando decifrar biologicamente as diferenças nos tumores. Outro desafio importante, é como iremos ampliar o acesso da população a essas tecnologias, pois existe uma limitação que acaba sendo imposta pelo custo, que precisa ser equacionado de alguma forma para que possamos oferecer aos pacientes que efetivamente tem indicação do uso da imunoterapia.

Artigo publicado na Revista ABM nº 38

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